Letras no Asfalto

Letras no Asfalto

26.9.08

Se me permite.

Conheço bem as pessoas e os movimentos as unem e as desunem, diverti-me o passar dos dias e a contemplação do suceder das horas humanas, creio que há nisso tudo uma ponta de sarcasmo e sanidade, ando pelas ruas, às vezes com o intento de andar, outras como um caçador inglês na savana africana, estrangeiro, errado ali, um alien, mas ali. Olha a presa, que passa a sua frente ao acaso, mata-a e segue, sigo. Assim é este campo florido que chamais, supermercado, rush, cidade, zona habitada, que seria desta espécie não fosse o instinto fazendo-se senhor das ações? Seriam melhores, menos atos na peça teatral, mais finalizações, nada de ações recomeçadas, poemas reeditados, livros não lidos, paginas inúteis.
Assusta-me também a rapidez nefasta dos pensamentos mesquinhos de prazer, a agilidade com que apontam no portão da rua e quando não, já se apoderam da sala e quando sim; dormem o sono dos justos na cama de casal bem junto às aranhas do tempo e os grilos de indagação, ah pensamentos, há pensamentos!(o que não faz um agá para aparecer não é leitor?)
Imperiosa descrição seria se os amantes tivessem em si o dom da telepatia, mas não a tem, pois então, andam de um lado para o outro espreitando as costas alheias que lhes oferecem abrigo e ternura, afastam o mal pela raiz, mas ainda a deixa no chão. Triste fim de todos os que sobem demais a ponto de não poder vislumbrar o que se passa perto dos pés, hora tardia ou não a liberdade bate a porta, grita aos berros e chora feito filho gatuno que sabe que o pai vai lhe conceder, o plastation 3 ou o dinheiro da canabis...o triste geração, uma hora cai, uma hora cai.

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