Letras no Asfalto

Letras no Asfalto

14.1.10

Sobre o Nó



Neutralizamos nossos impulsos primitivos e sinceros no intuito de nos tornamos mais humanos, desprezamos nossa essência carnal e sofremos as conseqüências da restrição física na ânsia de divinizarmos nosso ser, calamos nosso senso de justiça e cercamos de preconceito a criança que habita nosso imaginário por que necessitamos viver e construir numa sociedade onde nem sempre o mais puro é rei.
Ficamos assim como uma corda desfiada em três fechos de linha trançados em sua base por um nó, cada qual sendo puxado para um sentido único, o que faz com que o nó se torne forte e resistente. Pra quem entende e domina a arte da corda a esse nó e dado o nome de ‘’Nó de Rosa’’ e que consiste basicamente em dividir, amarrar e puxar.
Buscar um sentido para as coisas da vida, achar um meio para tirar o corpo da cama de manha, manter-se vivo, é senão crer num novo modo de dar esse nó, no qual os fins das extremidades que se contrapõem são em verdade um só, e embora bem definido o lado e bem forte a tensão no fundo não importa pra onde puxem o que importa é que sob um ângulo mais agudo todos os fechos se esforçam numa só questão: Manter o nó firme.
A sociedade, a religião e a família, com tempo, nós fazem adquirir vícios, visões e idéias. Passamos a dividir as pessoas inicialmente em dois grupos básicos, em primeiro o grupo dos que não desistiram e que mantiveram a conduta retilínea, que aproveitaram as oportunidades da vida, que continuaram o passo e que uma vez chegando lá recomeçaram outra cruzada pessoal com o mesmo entusiasmo dos primeiros dias de luta. No segundo grupo inserimos todos os que fizeram o oposto, os que param no meio do caminho, os que manifestam as dificuldades naturais e simples do dia-a-dia como situações titânicas e intransponíveis, os que enfim desperdiçaram a sorte de todas as formas possíveis e imagináveis, deixando de lucrar com o positivo e acima de tudo deixando de aprender com o negativo.
Ao primeiro grupo damos o nome de vencedores e o segundo chamamos de perdedores, depois desta distinção inicial anexamos subdivisões infinitas, sortudos, párias, dedicados, oportunistas, batalhadores, fazemos também alusão ao reino animal como abutres e raposas por exemplo.
Deste julgamento e que partimos para nossas relações todas, financeiras, amorosas, também isso influi em nossa relação com o sagrado, o que muitas das vezes turva os meios que deveríamos usar como ferramenta de conhecimento e serviço, mas que não raras às ocasiões os temos como válvula de escape e/ou plano de fuga. O que fazemos com essas facetas de nossa vida é o que define a tensão dos fechos e o equilíbrio exato da força despendida sobre cada um deles, delineando assim a qualidade do nó que somos.

5 comments:

Anonymous said...
This comment has been removed by the author.
Anonymous said...

É porque as farras não acabam junto com as férias... são os outros 500.

Willians said...

não tratei de farra nesse texto.

Luciana F. Righi said...

que...que...foda.

Anonymous said...

É uma questão de bom tom.